Por que você dança como se o seu tempo estivesse acabando?

No último fim de semana eu finalmente separei um tempo para assistir ao musical Hamilton, disponível na Disney+, que conta a história de um dos pais-fundadores dos Estados Unidos, Alexander Hamilton, de uma forma completamente ousada, criativa e inovadora. Mas esse post não é exatamente sobre Hamilton (a figura histórica ou o musical), e sim sobre uma frase que se repetia o tempo inteiro em algumas músicas: “Why do you write like you’re running out of time?” (“por que você escreve como se o seu tempo estivesse acabando?) – a esposa de Hamilton pergunta sempre que o vê extremamente ocupado, pensando no próximo passo ou em tudo o que ele precisa fazer. Bateu uma certa identificação pois em tudo o que eu faço, e como eu levo a minha vida (inclusive o ballet), eu sinto esse senso de urgência. Há sempre uma sensação de que “eu não tenho todo o tempo do mundo” pairando no ar. Por um lado, é verdade: a vida é um sopro, como dizem.

Mas por outro… o nosso tempo é a gente que faz, a gente que cria, molda, aproveita. 

O nosso tempo é a gente que faz, a gente que cria, molda, aproveita. 

Curiosa, eu fui pesquisar um pouco mais sobre esse homem que trocava seu tempo em família por suas metas políticas e sonhos. Hamilton era, adivinhem? Capricorniano de 11 de janeiro. Só podia. 😅 Brincadeiras astrológicas à parte, foi uma identificação difícil de engolir e assumir. E nessas últimas semanas em que tenho me dado mais tempo para pensar, dançar, desacelerar até mesmo pensar melhor no meu conteúdo, eu decidi que não vou mais dançar como se o meu tempo estivesse acabando. Não vou mais atropelar os meus processos necessários, ignorar os passos que preciso dar para trás e a minha necessidade de descanso. Eu simplesmente não quero mais viver como se precisasse resolver minha vida hoje, e evoluir no ballet amanhã.

Vai ser difícil, talvez um dos maiores desafios da minha vida, porque vai contra a minha personalidade extremamente ativa e produtiva. Mas como bailarina adulta, sei da importância de ser mais gentil comigo mesma e ter paciência e fé nos processos. Acredito que muitas bailarinas adultas se identificam e dançam como se não tivessem tempo a perder. Sempre com aquela ansiedade latente no peito. Amigas, dancemos pensando que temos todo o tempo do mundo e que o sonho apenas começou. É a melhor forma de se relacionar saudavelmente com o ballet. ❤️