Dia do Amor ao Ballet

Nessa data, eu resolvi escrever. Começar por onde tudo começou: em um blog. Comecei dividindo praticamente com ninguém os meus primeiros dias no ballet, mas eu já sabia, lá em 2009, que era amor – e que eu deveria continuar. E 12 anos depois, vendo onde eu cheguei na dança e onde o meia ponta chegou – no coração de tantas pessoas – posso dizer com muita certeza de que esse amor foi e ainda é real – e de que o ballet me escolheu e me deixou entrar. 

Fazer uma aula de ballet é como voltar para casa. Tem dias que tudo o que eu quero – e preciso – é me refugiar na barra, trabalhando meus pés, meus braços, minha mente. Respirando profundamente enquanto executo cada passo, sentindo cada parte do eu corpo. O ballet é o meu momento mindfulness, de autoconhecimento e consciência corporal, e talvez o único momento assim que eu tenho em um dia normal na semana. Como muitos sentimentos, sensações e vitórias que só o ballet me proporciona, a prática da atenção plena é um presente. Durante todos esses anos, o ballet só me deu presentes, na verdade. Talvez em troca da minha paixão e dedicação, talvez por ver que eu entrei no universo com todo o cuidado, respeito, apreço e o coração cheio de sonhos. Sim, eu estou falando no ballet clássico como se fosse uma entidade porque, para mim, é assim que essa arte se manifesta na minha vida.

A foto que ilustra esse post é da época dos meus primeiros meses de aula, quando ainda tinha 21 anos. O sorriso não nega: eu estava feliz, mas ainda não sabia de tudo o que viria pela frente: os desafios com as pontas, as frustrações por não ser boa em decorar sequências, as questões com o corpo, as limitações técnicas… Porque ballet não é fácil e se está fácil, está errado, sempre gosto de dizer. Mas fica mais menos complexo com o tempo, e a recompensa de evoluir após cada desafio, acredite, é muito maior. O ballet me ensinou tanto sobre mim mesma, sobre amor próprio, sobre criatividade, sobre relações! E eu não trocaria essa jornada por nenhuma zona de conforto. Ele não é feito somente de fitas de cetim cor de rosa, pelo contrário, há muito ainda o que estudar e ressignificar, principalmente para as mulheres, mas até isso é uma aventura deliciosa e eu amo fazer parte dessa revolução. 

O ballet me ensinou tanto sobre mim mesma, sobre amor próprio, sobre criatividade, sobre relações! E eu não trocaria essa jornada por nenhuma zona de conforto.

Uma vez li uma frase da Marianela em uma entrevista para o The Guardian que dizia assim: “O ballet não é elitista. É nossa responsabilidade fazer com que as pessoas o entendam”. É nossa responsabilidade quebrar essa visão antiquada e retrógrada de que o ballet é para apenas uma camada específica e privilegiada da sociedade. Está nas nossas mãos, e nas de futuras gerações, carregar apenas a tradição que importa e criar novas possibilidades para essa arte.  

Como tudo na vida, o ballet tem seu potencial criativo e destrutivo, seu lado positivo e negativo. Penso que cabe a cada uma de nós escolher qual desses aspectos vamos cultivar e manifestar. E hoje, o que eu manifesto é gratidão e amor

Dia 1º de março, Dia do Amor ao Ballet
Uma iniciativa da Escola Bailarina Criativa