O copo metade cheio

Demorou muito tempo – anos! – pra eu conseguir aproveitar uma aula de ballet. Eu estava sempre atenta demais, tensa, preocupada com o fato de não decorar bem as sequencias… Amar o ballet é muito gostoso, mas levar a sério demais me fez chorar depois de aulas, pensar em desistir e me sentir ansiosa. É clichê, mas de uns anos pra cá, resolvi enxergar o copo metade cheio. O que o ballet me proporciona de bom?

Hoje, se eu errar, eu rio. Falo pra mim mesma: “é o que tem pra hoje”. Afinal, eu tô “competindo” contra quem? Tô me preparando para o quê, se não pra minha própria qualidade de vida? Eu não sou bailarina profissional. Eu não preciso de um nível altíssimo de cobrança, principalmente de mim mesma.

Meu ballet fica mais bonito quando eu o experiencio de uma forma mais leve. Hoje, pra mim, tudo é lucro! Consegui fazer aula presencial? Lucro. Fiz uma boa aula? Lucro. Decorei bem uma sequência? Lucro! Afinal, ter o ballet na minha vida de alguma forma já é a grande bênção que eu precisava. Todo o resto, é lucro.